Refere-se, em um sentido mais
geral, ao trabalho realizado por meio da divisão do trabalho entre os
participantes, em uma atividade onde cada indivíduo é responsável
por uma parte da solução do problema. A etimologia da palavra cooperação
envolve o sufixo “co” com significado de “ação conjunta” e
o prefixo “operar”, derivado do verbo latino “operare”, com
o significado de operar, executar, ajudar mutuamente para chegar a um fim. No
contexto da economia e da sociologia, cooperação designa uma relação que tem
como base a colaboração entre indivíduos ou organizações no sentido de alcançar
objetivos comuns ao utilizar métodos mais ou menos consensuais. Marx (1980)
explicitou o conceito de cooperação no trabalho ao analisar a produção no
processo capitalista. Para ele, cooperação compreendia a forma de trabalho em
que muitos trabalham juntos, de acordo com um plano, no mesmo processo de
produção ou em processos de produção interligados. Nesse sentido, Marx entendia
que a soma das forças mecânicas dos trabalhadores isolados difere da força
social que se desenvolve quando muitas mãos agem simultaneamente na mesma
operação indivisa (MARX, 1980, p.374). Essa natureza do trabalho coletivo,
segundo Marx, é apropriada pelo capital no sentido de controlá-la e obter
maiores lucros. Ao discutir a maquinaria e a indústria moderna, analisa que o caráter cooperativo do processo de
trabalho torna-se uma necessidade técnica imposta pela natureza do próprio
instrumental de trabalho. (MARX, 1980, p.382). O produto deixa de ser uma
contribuição individual e torna-se uma produção social, comum, de um
trabalhador coletivo. Esse conceito associa-se muitas vezes à ideia de
subserviência ao capital, ou à outra relação hierárquica, no caso da escola, verticalizadamente
submetida a uma direção, secretaria, coordenação ou outra instância (VARANI,
2005). No campo da psicologia, tem-se o conceito de cooperação desenvolvido por
Piaget, em um texto de 1928, Logique
génétique et sociologie, como toda
relação social na qual não intervém qualquer elemento de autoridade ou de
prestígio (PIAGET, 1973, p.105). O autor entende que a cooperação é
um processo criador de realidades novas e não uma simples troca entre
indivíduos desenvolvidos, pois cooperar
na ação é operar em comum, o que significa ajustar, por meio de novas
operações de correspondência,
reciprocidade ou complementaridade, as ações executadas por cada um dos
parceiros (PIAGET, 1973, p.105). Para Vygotsky, cooperação é um método de
relação sociocultural complexo, que requer operações, atividades ou ações
conjuntas e sócio-organizadas para alcançar propostas de interesse comum,
benefícios recíprocos e desenvolvimento de sujeitos mais críticos (MAIA, 2006).
O discurso do trabalho coletivo, em equipe, cooperativo, colaborativo entre os
professores, ganha força na década de 1990, junto com a preocupação com
as investigações sobre formação, trabalho e saberes docentes (ELLIOT,
1990; CARR; KEMMIS, 1985; HARGREAVES, 1996; FULLAN; HARGREAVES, 2000; NÓVOA, 1995)
e passa a ser visto como aquele que implica
uma constante interacção entre as esferas do individual e do colectivo. Nessa
interacção, o diálogo ocupa um lugar decisivo, como estratégia de negociação e
como recurso de aprendizagem (CANHA; ALARCÃO, 2010, p. 10). Para Elliot
(1990), o processo de desenvolvimento profissional dos professores individuais
requer processo de reflexão cooperativa, uma vez que considerar as reflexões
passadas e presentes dos demais professores promove a elaboração de teorias próprias
mais originais e consistentes (VARANI, 2005). Apesar de analisar que existem
tarefas diferenciadas que apresentam vantagens e desvantagens ao serem
realizadas na modalidade de trabalho individual ou como trabalho cooperativo,
Perrenoud reforça que há múltiplas razões para escrever a cooperação nas
rotinas do ofício do professor. Trabalhar em conjunto torna-se uma necessidade
ligada mais à evolução do ofício do que uma escolha pessoal. (PERRENOUD, 2000,
p.80).