ENFOQUE SÓCIO-HISTÓRICO-CULTURAL
O enfoque sócio-histórico-cultural tem no psicólogo Lev Semenovitch Vygotsky o seu fundador e criador, porém não se deve subestimar a obra dos seus seguidores dentre os quais se encontram: A. N. Leontiev, A. R. Luria, L. I. Bozhovich, P. Ya. Galperin, dentre outros. Esse enfoque, também denominado na literatura reconhecida de paradigma, escola ou teoria sócio-histórico-cultural tem uma base filosófica marxista, de forte apego ao materialismo dialético e histórico, que se encontra amplamente difundida e reconhecida mundialmente pelos seus valiosos aportes ao campo da pedagogia.
No enfoque vigotskyano, ocupa um lugar de privilégio o estudo da consciência e as funções psíquicas tanto na filogênese quanto na ontogênese e a concepção da atividade humana como elemento essencial da transformação da psique. Sobre este último, destaca-se que, assim como a atividade laboral está mediada por instrumentos, também os processos psíquicos estão mediados por instrumentos da cultura, dentro dos quais, no amplo entrelaçado semiótico de que dispõe o homem, destacam-se a escritura, as obras de arte, os símbolos numéricos e a linguagem, os quais foram transmitidos e assimilados pelo homem em seu desenvolvimento histórico cultural, e são essenciais para sua transformação cultural. É importante, sobretudo, a contribuição desse enfoque para a compreensão dos processos de internalização e autorregulação das funções e processos psicológicos.
Segundo Vigotsky, chamado de Mozart da Psicologia, na formação dos educandos: o desenvolvimento psicológico deve ser entendido como uma série de mudanças ou transformações qualitativas, associadas a mudanças no uso de ferramentas psicológicas, o qual destaca os critérios de A. G. Spirkin, quando nesse mesmo sentido aponta: o termo instrumento aplicado à linguagem não é somente uma metáfora [pois] resulta de grande importância assinalar que entre os instrumentos de trabalho e a linguagem existe realmente algo parecido e certa relação de tipo funcional e genético (MACHADO, 2005, p. 12).
Outra das noções transcendentes desse enfoque é o conceito de zona de desenvolvimento próximo, cujo valor diagnóstico foi descrito por Vigotsky e faz alusão a distância entre o plano das relações interpessoais e o plano psicológico individual (intrapsíquico); dito de outra maneira, entre o que o educando pode fazer com ajuda e o que pode fazer para si mesmo e que resulta essencial na teoria e prática pedagógicas para a definição científica de estratégias, novos modelos formativos e didáticos da escola atual. (VIGOTSKY, 1988, p.103).
O enfoque sócio-histórico-cultural coloca em seu centro o sujeito que aprende e desvela o vínculo do afetivo e do cognitivo como parte do caráter integral do psiquismo humano. Reconhece o papel da atividade e da comunicação na interação do sujeito e, de maneira muito especial, considera a aprendizagem como atividade social e não somente como um processo individual, no qual tem espaço a produção e reprodução do conhecimento de forma ativa e consciente.