UNIVERSIDADE ABERTA

Autores/as: JULIANE CORRÊA

É um termo que se aplica às instituições universitárias que oferecem ensino aberto, o qual pode atender a demandas de inclusão social, de democratização do ensino, de permanência no ensino superior e/ou a demandas de adequação às exigências do mercado de trabalho referentes à formação de novos perfis e competências profissionais.

O ensino aberto proporciona oportunidades de estudo independente dos ciclos de vida, de locais pré-definidos, assim como de períodos determinados, sendo acessível a qualquer pessoa, em qualquer lugar e época, favorecendo a utilização de estratégias de ensino, aprendizagem e mediações tecnológicas que superam as distâncias geográficas, sociais e econômicas. Por esse motivo, na maioria das vezes, o termo Universidade Aberta  aparece associado à educação a distância. Essa associação não pode ser vista de forma linear, pois temos propostas de educação a distância que são variantes do ensino tradicional, não garantindo a acessibilidade ampliada. (PETERS, 2001, p. 180) Evidencia-se uma afinidade da educação a distância com o ensino aberto quando esta garante a igualdade de oportunidades educacionais, relacionando com os contextos de vida e de trabalho de seus estudantes e enfatizando o processo de aprendizagem, a comunicação e a interação entre estes.

Com essas características, o ensino aberto permite acesso ao estudante adulto, muitas vezes defasados em relação ao processo de escolarização regular e possuidor de uma renda insuficiente para o custeio do próprio estudo. E para garantir a permanência desse estudante adulto, a Universidade Aberta investe na flexibilidade administrativa que possibilita a inscrição a qualquer época do ano, um cronograma flexível para envio de trabalhos e realização dos exames, a disponibilização de serviços, tais como: central de informações, aconselhamento e atendimento tutorial.

Os programas de ensino de uma Universidade Aberta baseiam-se em currículos abertos incorporando as necessidades e os desdobramentos do próprio curso e em metodologias ativas, nas quais os estudantes são sujeitos do processo de aprendizagem. Essa ênfase nas necessidades específicas dos estudantes e/ou nas demandas dos mercados disponíveis determina uma centralidade no estudante como princípio orientador da aprendizagem. Essa centralidade se associa a uma flexibilidade metodológica, que privilegia o estudo investigativo, o diálogo com os contextos de inserção dos estudantes, garantindo, de fato, uma abertura para o acesso e permanência de sujeitos provenientes de grupos sociais excluídos do processo educacional.

A Universidade Aberta, assim como as demais instituições de ensino, tanto no ensino presencial quanto no ensino a distância constitui seu projeto pedagógico a partir das políticas sociais e educacionais do seu contexto de inserção. No cenário mundial, temos a referência da Universidade Aberta do Reino Unido que foi criada em 1969, a qual, por sua vez, buscou subsídios na University of South Africa (1946) e em experiências como a da Austrália, da União Soviética, do Japão e dos Estados Unidos. (MOORE; KEARSLEY, 2007, p. 37) Já os novos modelos de aprendizagem aberta buscam inspiração no modelo pós-fordista que, com suas grandes inovações – responsabilização do trabalho, flexibilidade, unidades de produção de menor porte e mercados segmentados -, aparece como uma forma mais democrática e aberta de produção capitalista. (BELLONI, 1999, p. 19).

A educação a distância e o ensino aberto, em diferentes contextos, vivenciam conflitos em seus processos de ensino-aprendizagem decorrentes da formação dos professores, cuja socialização profissional ocorre, na maioria das vezes, numa universidade tradicional e das expectativas de seus estudantes provenientes de modelos convencionais de ensino. Além disso, é possível identificar uma confusão entre a estratégia de educação a distância e a opção política de acessibilidade inerente à Universidade Aberta, pois, em relação ao método de ensino aprendizado a distância, temos um corpo teórico bem desenvolvido, mas em relação à Universidade Aberta, temos necessidade de maior investimento teórico.

Bibliografia

CONFERÊNCIA MUNDIAL SOBRE O ENSINO SUPERIOR, Paris, 1998. Tendências da educação superior para o SéculoXXI. Brasília: CRUB, 1999.

BELLONI, M. L. Educação à distância. Campinas: Autores Associados, 1999.

MOORE, M.; KEARSLEY, G. Educação a distância: uma visão integrada. São Paulo: Thomson Learning, 2007.

PETERS, O. Didática do ensino a distância. São Leopoldo: Unisinos, 2001.