FORMAÇÃO EM SERVIÇO

Autores/as: VERA MARIA NIGRO DE SOUZA PLACCO

Processo complexo que envolve a apropriação de conhecimentos e saberes sobre a docência, necessários ao exercício profissional, em que se toma a escola como lócus privilegiado para a formação. Parte-se do pressuposto do professor como sujeito capaz de criar e recriar sua própria formação, assumindo-se como protagonista desse processo. Entende-se que a formação é um processo em que o professor vivencia de forma deliberada e consciente a construção de sua autonomia e autoria profissional, em um movimento de ser, pensar e fazer a docência. A formação então supõe uma visão de sujeito integrado, em que o afetivo, o social, o cognitivo e o volitivo se constituem de maneira imbricada. Diz respeito ao desenvolvimento contínuo e permanente do sujeito professor, em uma perspectiva que contempla o individual e o profissional, no coletivo, de maneira que um âmbito não se sobreponha ao outro, mas em que o compromisso e a responsabilidade com a profissão estejam no centro de todas as ações desenvolvidas na formação. Pela sua ocorrência na escola, “se ocupa dos saberes profissionais emergentes do contexto de ação, desafia o coletivo de professores a gerar sentidos e coerências para a atuação individual e do grupo. Esse coletivo de trabalho, entendido como espaço de reflexão e intervenção, de socialização de experiências e de (re)construção de identidades e práticas, pode permitir que cada professor e coordenador deem sentido à sua experiência e se reconheça produtor de conhecimentos e saberes. (CUNHA ;PRADO, 2008, p. 38). Nesse sentido, os professores e coordenadores aprendem sobre si, sobre os outros e sobre seu trabalho em contexto, ou seja, aprendem sua profissão nas escolas (CANÁRIO, 1999). O processo de formação em serviço, em qualquer escola, precisaria atender a um conjunto de circunstâncias: a) estar, em primeiro lugar, atrelado ao projeto político pedagógico, organizado e implementado pelos próprios profissionais da escola; b) ser planejado coletivamente pelos educadores da escola, liderados pelos seus gestores (direção, coordenação pedagógica); c) prever espaços e tempos para que os processos formativos a serem desencadeados possibilitem a participação de todos, a reflexão sobre os fundamentos necessários à docência e a relação desses fundamentos com a experiência docente de cada profissional; d) garantir que o compromisso, seja dos gestores, seja dos educadores da escola, esteja voltado para o alcance dos objetivos pedagógicos e do desenvolvimento profissional, além do aprimoramento da prática pedagógica dos professores; e) possibilitar processos avaliativos contínuos para que as necessidades emergentes da escola e do próprio processo formativo possam ser incluídas. Outros aspectos, de outra ordem, mas de igual relevância, precisam ser destacados. Assim, um processo de formação em serviço precisa atentar para: a) a consideração e valorização das formas de trabalho didático e vivências do professor de modo a lhe permitir – e ao coletivo de professores – a reinvenção de suas ações, de suas crenças, de suas práticas, de suas histórias. E isso exige uma troca entre eles, uma partilha de acertos e dúvidas, uma superação das dificuldades, além da reflexão sobre os referenciais teóricos escolhidos como subsídios aos princípios de formação e educação propostos; b) a reflexão e o estudo da natureza do fazer pedagógico, confrontando-o com crenças, representações e teorias subjacentes à prática cotidiana e às falas de cada um, de modo que, a partir do contato com suas reais crenças e posturas, as mudanças possam acontecer nos professores e em suas práticas. Ainda que se reafirme o professor como sujeito de sua formação, responsável por criar-se e recriar-se deliberada e conscientemente como profissional da educação, sendo protagonista desses processos formativos, faz-se necessário ressaltar a importância dos processos coletivos desencadeados por meio da formação em serviço, que permitem a todos e a cada um se envolver e se comprometer com o avanço da aprendizagem de seus alunos e com a transformação da escola e do sistema de ensino. As expressões formação continuada ou formação contínua são frequentemente intercambiadas com o conceito de formação em serviço, assim como as expressões formação em contexto e formação centrada na escola.

Bibliografia

CANÁRIO, R. A escola: o lugar onde os professores aprendem. In: MOREIRA, A. et al. Supervisão na formação. Aveiro: Universidade, 1999.

CUNHA, R. B.; PRADO, G. V. T. Sobre importâncias: a coordenação e a co-formação na escola, In: PLACCO, V. M. N. S.; ALMEIDA, L. R. de (Org.). O coordenador pedagógico e os desafios da educação. São Paulo: Loyola, 2008. v. 1, p.127.