DIAS, Maria do Carmo da Silva. 2009. UFMG. Tese: Doutorado em Educação. Orientação: Dalila Andrade Oliveira.
A presente tese buscou analisar a qualificação e capacitação dos agricultores familiares que obtiveram crédito do Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar PRONAF, no município de Santarém, Região do Baixo Amazonas, Estado do Pará. O objetivo da investigação foi identificar se os cursos ofertados aos agricultores familiares participantes do PRONAF no período de 1995 a 2006, pela EMATER e pela ONG CEFT-BAM, implicaram mudanças na vida desses agricultores. A abordagem metodológica na pesquisa foi predominantemente qualitativa. Na pesquisa documental foram analisados documentos definidores da política pública nacional de formação, expressa no PLANFOR e no PNQ e documentos das instituições formadoras focalizadas. Os informantes da pesquisa foram os diferentes sujeitos envolvidos com os cursos – formadores, cursistas, membros do STTR, da EMATER e CEFT-BAM. Procurou-se captar, por meio de entrevistas semi-estruturadas os princípios e valores transmitidos nos cursos, sua relação com os créditos concedidos e a implicação dos conhecimentos adquiridos na vida daqueles que os realizaram. A pesquisa revelou que apesar de não haver relação direta entre os créditos obtidos do PRONAF e a qualificação e capacitação dos agricultores familiares e dos demais problemas evidenciados nos processos formativos, tais como a desvinculação da política de créditos anunciada pelo PRONAF; a fragmentação e a descontinuidade dos cursos; a fragilidade dos seus conteúdos; insuficiência nas condições objetivas para a oferta dos cursos; a precariedade das condições de trabalho dos facilitadores; a insuficiência nas condições objetivas para a oferta dos cursos, entre outros, a inserção desses agricultores nos cursos foi capaz de suscitar reflexões e oportunizar o desenvolvimento e a assimilação de conhecimentos com reflexos positivos na prática de trabalho a na vida dos agricultores, para além dos objetivos previstos nos referidos cursos. A experiência dos cursos, ou dos espaços e tempos destinados aos cursos, de fato influenciou os agricultores ampliando seus horizontes levando-os a refletir, individual e coletivamente sobre suas vidas e suas relações no mundo, a resgatarem ideais de solidariedade e esperanças, a buscarem novos caminhos para uma vida melhor.
